Atrasar a entrega de obras públicas se tornou uma marca registrada de quase todos aqueles que representaram o Governo do Distrito Federal (GDF). Um dos casos mais recentes foi o do ex governador José Roberto Arruda, que espalhou pela cidade inúmeros canteiros de obras inacabadas. Do total de projetos, 854 nem saíram do papel. Para 2011, dois grandes projetos, que estão atrasados, têm previsão de inauguração para o meio do ano, e outros seguem ainda sem data.
A previsão para esse ano não é muito otimista e o desejo se ver a cidade renovada ainda está longe de acontecer. O novo governador, Agnelo Queiroz (PT), começou sua gestão com quase 2 mil obras em andamento na capital. De acordo com a Secretaria de Obras do DF, boa parte delas, ainda inacabadas, estão passando por uma fase de reavaliação. "Algumas obras continuam sendo executadas, mas também existem aquelas que paralisaram por problemas no contrato ou na parte orçamentária", informou.
A secretaria afirmou ainda que a prioridade do governo esse ano será continuar as construções já iniciadas, além de revitalizar monumentos da cidade tombados como Patrimônio Cultural da Humanidade. Apenas uma nova intervenção deve acontecer na capital: a reforma da Rodoviária do Plano Piloto, que nesse caso trata-se de um procedimento de urgência que já vem sendo esperado há muito tempo por grande parte da população.
Para auxiliar no andamento das obras, o GDF criou o Comitê de Acompanhamento e Avaliação de Obras, formado por sete secretarias diferentes. Ele foi criado após a saída de Arruda e tem o objetivo de apressar a conclusão das obras, além de verificar o quanto elas estão preparadas para atender a população.
A conclusão das Unidades de Pronto Atendimento (UPA) é uma das graves promessas que não puderam ser cumpridas no ano que passou. A ideia de criação das UPA"s é desafogar os grandes hospitais públicos e, até o final de 2010, eram para ser construídas oito unidades nas cidades satélites. Porém, após adiar as inaugurações por diversas vezes, a Secretaria de Saúde encerrou o ano somente com quatro UPA%u2019s saindo do papel, mas nenhuma em funcionamento.
Não é somente na saúde que as obras deixam a desejar. Confira os detalhes das principais obras que estão pendentes na área do transporte, da cultura e do esporte:
CICLOVIAS:
O projeto inicial do Programa Cicloviário do Distrito Federal previa a construção de 600 km de ciclovias ou ciclofaixas nas cidades satélites, mas a maior parte delas ainda está em obras e sem previsão de entrega. O programa chegou a ter uma gerência para cuidar exclusivamente dos estudos e planejamento das ciclovias, mas ele foi extinto. De acordo com a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), as ciclovias do Recanto das Emas, da Ceilândia e da Santa Maria estão em fase de conclusão. Já as demais não tem previsão para serem feitas. Os principais locais que aguardam a construção de ciclovias são a Estrada Parque Vicente Pires e a EPTG.
FEIRA DA TORRE:
A inauguração da nova feira de artesanato da Torre de TV foi adiada várias vezes e ainda segue sem ter uma data certa para a inauguração. As obras duraram mais de um ano e inicialmente, a previsão de entrega era para 21 de abril, mas depois mudou para o fim de outubro e mais uma vez foi adiada para a segunda quinzena de novembro, prazo que também não foi cumprido. No momento, os feirantes ainda não têm ideia de quando vão mudar para o espaço revitalizado. Segundo a Novacap, 95% da obra da feira já está concluída.
Os adiamentos na entrega da obra são explicados devido a um erro no projeto de licitação, que inclusive, está sendo revisto e investigado pelo Ministério Público. Parte dos beneficiados chegaram a entrar na Justiça para pedir a paralisação da obra com a alegação de que a estrutura da nova feira não corresponde ao que foi definido no projeto inicial.
O término depende ainda da CEB, que precisa instalar uma subestação de energia no local, e da renovação das documentações dos feirantes e artesãos. O local fica localizado ao lado da Torre de TV e vai ter 570 boxes. A estimativa é de que 100 deles ainda sejam disponibilizados em licitações.
PLANETÁRIO
O Planetário de Brasília também estava previsto para ser reaberto em 21 de abril de 2010. Mas devido a problemas encontrados na estrutura do prédio, todo o projeto teve de ser refeito. A última data para reabertura, que também não foi cumprida, foi dia 10 de novembro de 2010. A Novacap informou que 62% da estrutura está concluída e a previsão de entrega da obra é para julho. O novo projeto prevê paredes de vidro, salas de exposição, biblioteca, auditório para palestras e oficinas recreativas. O investimento total é de R$ 9,7 milhões.
TORRE DIGITAL:
A obra da Torre de Televisão Digital de Brasília é mais uma que deveria ser entregue no aniversário de cinquenta anos da cidade. Pelo menos era o que estava previsto pela Secretaria de Cultura, mas até agora nada. O monumento, que promete ser mais um ponto turístico da capital, tem o prazo de entrega previsto para julho desse ano. Segundo a Secretaria de Obras, só resta terminar o processo de licitação que vai concluir a parte metálica da torre. O atraso no monumento foi explicado pela complexidade do projeto. De acordo com os arquitetos foram necessários novos estudos.
Projetada por Oscar Niemeyer, a construção da Torre está orçada em R$ 78 milhões, sendo R$ 75 milhões a parte de concreto e R$ 3 milhões a construção metálica. Ao todo, ela terá 180 metros de altura. As obras incluem um mirante e as duas pétalas onde funcionará um espaço para mostra de exposições e outro para lanches. As antenas para transmissão digital estão previstas para serem inauguradas ainda no início do ano. O governo espera que até julho o monumento batizado como "Flor do Cerrado" esteja totalmente concluído.
VILAS OLÍMPICAS
O Programa Vilas Olímpicas, uma ação que tem o objetivo de desenvolver atividades esportivas em várias cidades para estudantes de escolas públicas e comunidade, é um grande exemplo de fracasso no cronograma do GDF. A Secretaria de Obras do Distrito Federal já havia prometido que no aniversário de 50 anos de Brasília, que ocorreu em abril, deveriam ser inauguradas 10 vilas em todo DF e que até o final de 2010, pelo menos 15 já estariam em funcionamento sendo que outras cinco já estariam com suas estruturas erguidas. Promessas a parte, hoje somente três estão à disposição para a população, sendo que duas delas só foram inauguradas no dia 16 de dezembro. Outras oito estão em obras e devem ser inauguradas ao longo do ano e sete ainda nem saíram do papel.
De acordo com informações da Novacap, a construção das Vilas está dividida em três etapas. Primeiramente devem ser inauguradas as vilas das cidades de Brazlândia, Recanto das Emas e Santa Maria, que já estão em fase de conclusão; depois Gama, Riacho Fundo I e Estrutural serão contempladas com uma vila cada região; e por fim, até dezembro de 2011, QNO (Ceilândia) e Planaltina também farão parte do Programa Vilas Olímpicas.
PISCINA DE ONDAS
A novela que envolve a reinauguração da Piscina de Ondas não é novidade, pois desde quando a atração foi desativada, em 1997, existem projetos de reforma do espaço de lazer. De acordo com o GDF, uma revitalização na piscina está prevista para esse ano. A Administração de Brasília informou que ao longo do ano vai ser aberto um processo de licitação.
De acordo com Paulo Diboi, administrador do parque, estão sendo realizados estudos para dar uma nova vida ao local. "Tanto o governador quanto o administrador de Brasília estão tendo uma preocupação especial com esse equipamento público, que hoje se encontra em estado de total abandono", afirmou. Segundo ele, ainda é preciso algum tempo para ouvir os usuários para fazer as melhorias corretas.
O local foi, durante 20 anos, um dos pontos mais procurados do Parque da Cidade e possuia ondas artificiais de até 1 metro de altura. A piscina pública foi fechada, porque a empresa que tinha a concessão de uso da área administrava do local se retirou por problemas na área de saneamento. Como o custo da manutenção era alto e os preços dos ingressos baixos, o ponto de lazer não resistiu.
OBRAS CONCLUÍDAS:
A reforma da Estrada Parque Taguatinga (EPTG) foi a principal e mais importante obra a ser "concluída" na gestão anterior do GDF. A obra vai beneficiar moradores de várias regiões que passam pela rodovia diariamente. Apesar dela já ter sido inaugurada pelo ex governador Rogério Rosso, não está 100% concluída, pois parte da pista ainda está sem pavimentação e muitos pontos de ônibus ainda precisam ser reformados.
Durante sua execução, a reforma da via EPTG causou vários problemas à população, pois o congestionamento, que já era comum na região, ficou ainda maior. Cerca de 150 mil veículos passam pela pista diariamente. A culpa do atraso foi colocada nas chuvas, que obrigavam a paralisação da obra frequentemente. Além de concluir a reforma e ajustar alguns defeitos, a atual gestão do governo terá também que cumprir a promessa de colocar ciclovia em toda a rodovia. O custo da obra foi de aproximadamente R$ 306 milhões, que foram arrecadados com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do GDF.
Além da EPTG, outras obras não vão mais dar dor de cabeça ao governador Agnelo Queiroz (PT). Entre elas estão a duplicação da DF-001 e da pista que fica em frente ao complexo da Papuda; a reforma da Catedral Metropolitana de Brasília; a da Estrada Parque Guará; a conclusão da Rodoviária Interestadual e a revitalização da Fonte Luminosa da Torre de TV.
POR: Jornal Alô Brasília /// TigoRodrigues
