8 de outubro de 2015

Vida que segue

Hoje eu resolvi falar dele. Dele que, era para estar aqui hoje, amanhecendo diariamente do meu lado e construindo uma linda história. Para escrever sobre, eu tomei algumas doses de Jack. Gosto do efeito meio tonto que ele me causa porque me faz lembrar que ele também tinha essa habilidade. Deixava-me tonto de amor. De prazer. De satisfação. De felicidade.


Costumo lembrar-me dele como o drama teatral mais bem escrito que já houve. Desses que vai do céu ao inferno sem perder a essência e o sentido. Confunde em alguns momentos, prende a atenção do público e no final recebe um coro de aplausos por ser único na sua forma mais intensa de ser. Ele é assim. Um drama. Um enigma. Um teatro. Uma arte.

Quando o conheci, o coração tratou logo de acelerar os batimentos. Acionou o botão suor e começou a rodar a engrenagem que ativa o nervosismo. Meu Deus, como eu estava nervoso. Já ele, livre, leve e solto. Estava completamente desamarrado de qualquer tipo de timidez. Ele sempre estava preso era dentro da liberdade de falar o que pensava. E de olhar no olho como se já conhecesse nossa alma desde sua criação. Como se ela fosse sua criação.

Como qualquer história de amor, depois dali tivemos inúmeros outros dias que nos proporcionaram gargalhadas e descobertas. Fomos de lanchonetes a bares, de paradas a cinemas, de bancos de praças a rodas de amigos até que por fim, nasceu um compromisso que já era merecido. Eu o conheci como poucos. Ele me permitiu. Antes me alertou. Mas eu estava apaixonado e a paixão nos leva à cometer esses tipos de loucuras.

Preciso dizer que ele é a forma mais sólida da palavra maravilha. Do amor à dor. Ele sabia ser maravilhoso na fala, no sorriso, no jeito, no andar e na marra. Sabia ser maravilhoso no banheiro, na cozinha, na cama e na sala. E assim como este Jack arde quando entra, ele também me queimava por dentro com toda a entrega que me dava. Era quase uma explosão de tanto amor.

Bom, foi uma delícia, mas se fosse hoje, eu não teria tido a iniciativa de iniciar o nosso fim. Permaneceria levando do jeito que estava, porque sinceramente, estava tudo perfeito. Sem tirar, nem por. Sem explicar, nem cobrar. É que após o rótulo ‘namoro’ chegar, o tempo que não ficava chato começou a ficar. As coisas que nunca perdiam a graça começaram a perder o sal. E, sem sabermos como adicionar novos ingredientes, permanecemos como achamos que deveríamos.

Agora falando no passado como tempo verbal, ele era o mais. O bom. O melhor. O tal. O que podia tudo. O que fazia tudo. O que sabia ser tudo. Ele foi a minha história mais bem vivida até deixar de ser. E nossa, quando o final foi tomando forma, as coisas mudaram tanto. Nós mudamos tanto. Tudo se modificou de uma maneira tão estranha que eu não consigo acreditar na possibilidade de que nós fomos quem permitimos que o caos tomasse conta. Na verdade, acredito que tinha realmente que acontecer. Que o fim tinha que chegar. E que nós, no final das contas, tínhamos que nos tornar apenas lembranças um do outro. Na verdade, ele foi meu caos. ele foi meu inferno estes anos, após o término.

O amor que juramos ser eterno parou na esquina. Deixou de fazer sentir e me partiu ao meio. Poderia ter sido diferente, talvez. Mas ele era tão dos vera. Daqueles que decide sem medo. Que não espera. Com ele era vai ou fica. Não insista. Hasta La vista. See you in hell, baby!

Ele deixou de ser meu no momento em que o amor deixou de ser nosso. Ele se foi, eu fiquei. O tempo passou, eu “reamei’. E remei. E nadei. E atravessei tantos rios, mas nenhuma correnteza foi forte o suficiente para me fazer esquecê-lo. É que além de tudo, ele soube ser inesquecível da sua maneira mais despretensiosa e intensa possível