24 de setembro de 2010

Festas de Fora Fazem Sucesso, Mas Brasilienses Também Arrebentam Lá Fora


Brasília, tantas vezes chamada de ilha da fantasia, começa a se transformar em um grande polo consumidor de festas. As baladas, especialmente as originárias do eixo Rio-São Paulo, estão desembarcando em busca de glamour e também dos reais da gente chique da cidade. Como o Bailinho: “Brasília entendeu que a gente celebra a vida, trazemos para a festa frases de paz nas decorações, brindes, correio elegante… o clima é muito bom. E aí a farra costuma durar bastante. É bem intenso e por isso que depois do Rio, Brasília é a cidade que eu mais gosto de fazer”, comenta o ator e DJ Rodrigo Penna, idealizador da festa carioca criada em 2007, e que foi a primeira balada “importada” a aterrissar na capital federal.

A festa começou timidamente como uma opção para os fins de tarde de domingo no Rio de Janeiro, mas foi seduzindo tantos adeptos, inclusive muitos famosos, que acabou rompendo as barreiras da capital fluminense e conquistando o Brasil. “O Bailinho nasceu bem pequeno e como um hobby meu. Nunca teve a intenção de conquistar o planeta. Mas a cada dia estamos sendo requisitados em vários lugares. Acho que é uma tendência de algumas festas brasileiras. Coisas boas, como cantores, bandas e baladas costumam rodar mesmo. Acho que pelo fato de a nossa festa reunir todas as tribos, tocar de tudo um pouco, acaba conseguindo se adaptar em qualquer lugar. Virou um Bailinho Brasil”, acrescenta Rodrigo.

O Bailinho, que já realizou 10 edições na cidade, se prepara para bombar novamente no fim do ano — a previsão é novembro, ainda sem local definido. E foi no embalo do Bailinho que o produtor local André D’Alessandro decidiu se antecipar e tirar pela primeira vez do território carioca outro badalado agito de lá: a M.I.S.S.A. (Movimento dos Interessados em Sacudir sua Alma), que veio pra cá a primeira vez em novembro do ano passado e reuniu aproximadamente mil pessoas.

Com uma proposta bem irreverente e alusões à missa religiosa, essa farra carioca conta com o DJ Tartaruga como residente, que se veste de padre tocando hits de vários estilos musicais, além do Trio Ternura, cujo um dos integrantes é o ator e galã Thiago Martins. Personagens como o papa, padres, anjos e demônios circulam entre os convidados garantindo a animação da festa, que sempre brinca com a temática da missa.

“Eu já sabia da intenção da M.I.S.S.A. de fazer essa peregrinação pelo país e entrei em contato com os produtores lá do Rio de Janeiro. Foi a primeira cidade que recebeu a festa depois do Rio. Eles me deram total liberdade para a organização, tanto é que aqui fizemos no sábado, e no Rio, tradicionalmente, ela acontece aos domingos. Já tivemos duas edições e tem uma próxima marcada provavelmente para 11 de dezembro”, revela André.

Segundo ele, alguns produtores locais não são muito favoráveis à vinda de baladas de fora, mas garante que os eventos importados acabam sendo realizados por pessoas daqui. É o que também defende Rafael Cuia, um dos sócios da Cinco Entretenimentos, empresa responsável pela M.I.S.S.A. “Cada festa é diferente uma da outra. Cada lugar tem as suas peculiaridades. A gente tem quem respeitar a cultural local. Em Belo Horizonte, por exemplo, só funciona se for open bar, em Brasília, o preço dos ingressos é o mesmo para homens e mulheres, diferente do Rio que a entrada feminina é mais barata. Como a capital do país reúne gente de todos os cantos, tem essa mistura interessante, acho que isso facilita pra coisa ter vingado. É uma festa carioca sim, mas tem o toque da cidade onde está sendo realizada”, assegura Cuia.

Outro agito que acaba de chegar à capital federal é a Gambiarra, eleita por alguns órgãos de imprensa como uma das melhores festas de São Paulo. O projeto, criado em março de 2008, é um grande evento semanal pra quem quer dançar e se divertir, organizado por uma galera que faz e curte teatro. O sucesso da primeira edição brasiliense, no começo do mês, foi tamanho que os organizadores prometem voltar aqui também em novembro. “Foi muito boa a recepção do público de Brasília. A gente costuma fazer a festa geralmente nas épocas dos festivais de teatro. E por causa do alvoroço durante o Cena contemporânea (Festival internacional de teatro de Brasília), vamos voltar ainda este ano”, promete a atriz e uma das produtoras da Gambiarra, Anna Cecília Junqueira.

Made in Brasília

Não são só os agitos cariocas e paulistas têm conquistado os baladeiros de todo o país. Os produtores de Brasília têm conseguido expandir as fronteiras e levar animação Brasil afora. É o caso da Criolina (1), que há seis anos bomba no Calaf, e há três está fazendo a cabeça dos paulistanos. A balada candanga foi eleita uma das melhores do ano em Sampa e já passou por cidades como Goiânia, Uberlândia, Belo Horizonte, Rio, Salvador e Florianópolis. Além disso, está com programação fixa uma vez por mês em Campinas (SP).

“Era para ser um projeto de férias em Brasília que acabou dando muito certo. Ela faz um circuito alternativo e tem sido um sucesso em vários estados. Mas para ter se tornado fixa em São Paulo, tive que me mudar pra lá. Porque precisa de muita disposição, uma logística, apoio de produtores locais”, comenta o DJ Rodrigo Barata, um dos criadores do evento. A Criolina acabou ganhando a Europa. Frequentemente, Barata e os também DJs Pezão e Oops têm tocado em festivais em vários países. Em outubro estarão na Dinamarca, no mês seguinte seguem para a Alemanha.

Quem também tem feito bonito fora de Brasília é a festa I Love Rio criada no começo de 2010 pelos produtores Diego Bandeira e Rodrigo Sucesso. A festa nasceu quando os dois se mudaram do Rio de Janeiro para Brasília, no começo de 2010, e, como perceberam a forte ligação entre as duas cidades, criaram a balada que sempre traz algo ligado à Cidade Maravilhosa seja na decoração, nas músicas ou nos convidados. “A ideia deu tão certo que começamos a receber convites para edições fora de Brasília. Já fizemos em BH, e em novembro devemos ter a primeira edição em Goiânia e, em outubro, vamos fazer mais uma aqui. A vibe da festa é legal e isso conquista todo mundo, independente de onde a pessoa seja e onde o evento aconteça”, ressalta Rodrigo Sucesso.

1 - BSB em Sampa
Amanhã, um grupo de brasilienses que vive em São Paulo vai organizar um evento inédito: o BRASÍLIAn DAY, ou Dia brasiliense em Sampa. A festa acontece no Centro Cultural Rio Verde, na Vila Madalena, e terá shows de artistas e bandas da capital federal como Luciana Oliveira, Numanice, além de exibição de curtas, fotos e projeções de candangos como André Carvalho e Pedro Matallo. A discotecagem é do DJ Barata, do Criolina. A intenção é realizar três edições anualmente dessa festa.

Por: Correio Braziliense // Tigo Rodrigues

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