12 de outubro de 2011

Aruc faz 50 anos com esperança de ter sua quadra regularizada em Brasília


Festa de aniversário aconteceu nesta sexta (21/10) com a Velha Guarda da madrinha Portela.

A escola de samba Associação Recreativa Unidos do Cruzeiro (Aruc), no Distrito Federal, chega aos 50 anos nesta sexta-feira (21) em busca da regularização do terreno que a escola ocupa no Cruzeiro Velho, desde 1983.

Reconhecida oficialmente pelo GDF como Patrimônio Cultural Imaterial do Distrito Federal, a Aruc já fez várias tentativas para regularizar o terreno, afirmou o presidente da escola, Moacyr Araújo, o Moa. O contrato de ocupação firmado por 20 anos, na década de 70, venceu em 2000.

No governo passado, houve a tentativa de incluir a escola em um projeto de construção de vilas olímpicas. O presidente da Aruc disse que, na época, só faltava a assinatura do então governador José Roberto Arruda. Mas como Arruda deixou o cargo por causa do escândalo da Caixa de Pandora, o projeto acabou ficando em compasso de espera.

A expectativa deles é o interesse do Ministério Público pelo caso. O Procurador Roberto Carlos Batista, da 2ª Promotoria de Defesa do Meio Ambiente e do Patrimônio Cultural, está acompanhando uma ação para a proteção do Patrimônio Cultural Imaterial, representado pela Aruc.

"Hoje o que a gente quer é que o governo faça o que quiser aqui, mas que regularize esse nosso pedaço. Nós queremos uma quadra de esportes, o palco lá fora, a área de ensaio. É isso que nós queremos. O resto faça o que quiser. Nós não precisamos desse terreno todo", afirmou.

O Cruzeiro é conhecido como o reduto carioca da capital federal. A história da escola de samba se confunde com a história de fundação do bairro.

A Aruc foi fundada por funcionários públicos do Rio de Janeiro, que foram transferidos para trabalhar em Brasília. Eles se instalaram no bairro que, na época, era conhecido como Gavião. A saudade do samba carioca reunia os amigos na quadra 16 para um batuque. E foi em um desses encontros que surgiu a ideia de se criar uma escola de samba. O ano era 1961.

Dona Ivone Araújo Eduardo, de 80 anos, tem boas lembranças daquele tempo. Ela é a primeira moradora do Cruzeiro. Há 52 anos mora na mesma casa.

Carioca do bairro da Saúde, ela era amiga dos sambistas que, diz, se sentavam do lado de fora das casas para uma conversa com os vizinhos. Era aí que, quase instantaneamente, vinha o batuque.

Dona Ivone diz que os amigos tiveram a ideia, mas faltavam os instrumentos para a bateria, o coração de uma escola de samba.


Orgulhosa, a enfermeira conta que eles foram comprados no nome dela, em uma loja de instrumentos musicais na W3. Os dez primeiros integrantes da escola ajudaram a pagar as seis prestações.

Tanta dedicação transformou a mais carioca das escolas de samba da capital federal em um patrimônio dos brasilienses. Nesses 50 anos, a Aruc coleciona títulos e histórias.

Dos 46 títulos disputados, a escola ganhou 31. Entre as histórias mais famosas está a que dá as cores para a escola. O atual presidente conta que o azul e branco é em homenagem à madrinha, a Portela. Natal, um dos fundadores da Portela, esteve em Brasília em 1962 para batizar a Aruc.

Na sala de troféus da escola do Cruzeiro, a bandeira da azul e branco de Madureira tem destaque. Na parede, o diploma oferecido pela escola-madrinha é outra peça exibida com orgulho.

E as coincidências não param aí. O símbolo da Aruc é o Gavião, que, segundo os sambistas, pode ser considerado “irmão” da águia, o símbolo da Portela. O presidente da Aruc diz, no entanto, que a imagem do pássaro é apenas uma coincidência, já que o Gavião está na bandeira em homenagem ao nome antigo do bairro.

Na trajetória de sucesso da Aruc estão algumas histórias curiosas e até misteriosas. É o caso de uma bandeira que sumiu. Em 1979, no desfile que tinha como tema Iemanjá, a bandeira da escola não apareceu a tempo do desfile.

Alguém teve a ideia de que a porta-bandeira levasse uma pluma no lugar da bandeira da escola. Os jurados não entenderam e deram nota zero no quesito. A escola foi desclassificada. No dia seguinte, a bandeira apareceu na porta da quadra.

Títulos

Para o presidente Moa, o maior marco da Aruc é o recorde de campeonatos. A escola é octocampeã do carnaval de Brasília. Entre 1986 e 1993, a agremiação levou todos os títulos. "Tem a simbologia de ser um fato inédito no Brasil, até que se prove em contrário. E, para nós, tem o fato de ter superado a madrinha, que é heptacampeã do carnaval do Rio de Janeiro. O octocampeonato foi exatamente em homenagem à Portela", declarou.

Para tentar o 32º segundo título, a escola vai desfilar em 2012 o tema "Portinari, as cores e as caras do Brasil", em homenagem aos 50 anos de morte do pintor Cândido Portinari. E, pela primeira vez, o samba será feito por uma comissão de carnaval com integrantes da própria escola.

A reportagem do G1 acompanhou um dos ensaios da bateria e encontrou várias pessoas que querem aprender a tocar na escola. O carioca Luis Lima, há 15 anos em Brasília, procurou a Aruc no ano passado para aprender a tocar tamborim. Agora ele é integrante titular da bateria." A mosca azul e branco me mordeu e eu vou ficar. Já sou da família Aruc", disse.

Por: G1  ///  TigoRodrigues

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