23 de abril de 2010

O projeto Brasília, Outros 50 celebra o aniversário da capital com 50 horas de cultura

A distância que separa o hardcore do pagode, quem diria, pode ser muito mais curta do que se imagina. No gramado do Complexo Cultural da Funarte, poucos estavam dispostos à segregação de gêneros musicais. O espírito da festa Brasília, Outros 50 era bem outro: aplaudir as diferenças e, se possível, dissolver preconceitos, tribos, rótulos. Na segunda noite do projeto, arquitetado pelo Fórum de Cultura do Distrito Federal, o aniversário da cidade foi celebrado com um mutirão cultural que, na contramão do espetáculo grandioso da Esplanada dos Ministérios, ofereceu ao público o direito de escolher entre dezenas de atrações simultâneas. E, aos mais aventureiros, experimentar um pouco de cada sabor.
    A quantidade de opções tornou impossível a meta de assistir a todas as principais atrações. Na noite de quinta, os shows de Frejat (Palco Atitude) e de Móveis Coloniais de Acaju (que terminou às 4h30 de ontem, no Palco Diversidades) estavam entre os mais comentados. Mas, até a meia-noite, não havia um palco de destaque: todos os cinco grandes ambientes reuniam uma boa média de público - de 500 a 1 mil pessoas. A organização do evento, com entrada franca, esperava, no entanto, por uma plateia de 200 mil nas 50 horas de arte (a programação só termina hoje à noite).
Surpresas
Em meio à variedade, houve brechas para surpresas como a apresentação do duo Lucy and the Popsonics, que lançou músicas do novo disco, produzido por John Ulhôa (Pato Fu), previsto para julho. "Vocês serão os primeiros brasileiros a conhecer nossas músicas novas", avisou a vocalista Fernanda Popsonics. A sonoridade da banda, um eletro-rock tão doce quanto agressivo, lotou a área no Palco Atitude. Também com disco engatilhado, o quarteto 10Zer04, de Samambaia, mostrou que segue feroz, entre o rock pesado e o hip-hop. "O 10Zer04 está completando 10 anos, já vimos de tudo nesta cidade. Mas é a primeira vez que trabalhamos num evento que nós ajudamos a construir", comentou o guitarrista Alessandro Oliveira. Até a madrugada, ainda estavam previstos shows de bandas como Trampa, Etno, Rocan (com participações de Tihuana e Maskavo) e Dillo e a Gang.

Enquanto as guitarras explodiam, a atmosfera no Palco Samba (um dos espaços mais animados da noite) era de baile caloroso. No Palco da Cultura Popular, a ordem era o festejo : a plateia subiu no tablado para dançar com o Boi do Seu Teodoro. No Palco Diversidades, Célia Porto homenageava Renato Russo. E, a alguns passos dali, o grupo Atitude Feminina afiava rimas sobre preconceito, agressão às mulheres e o cotidiano na periferia do DF. "A nossa periferia chora", avisavam. Mais do que um painel de expressões artísticas, a Funarte revelou uma cidade tão rica quanto desigual. Muito além, por isso, do que se vê em um passeio pela Esplanada dos Ministérios.


Atrações cênicas
Brasília, Outros 50 entra na reta final com dia mais dedicado às artes cênicas. Às 10h, tem A conferência, monólogo de Adeilton Lima com direção de Cláudio Chinaski. Às 21h, a Ópera de três vinténs, de Hugo Rodas, fecha o dia no palco do Teatro. No gramado, o grupo Virtú encena As moscas. Na Lona Mestre Zezito, as apresentações começam às 10h e seguem atá às 22h, com o Circo Teatro Artetude. O Hierofante mostra A regra do jogo, às 15h, na Lona do Circo União. O encerramento será às 23h, com uma ciranda.

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